quinta-feira, 2 de maio de 2013

A filha do pedreiro vai virar doutora

A estudante de medicina, bolsista do Prouni, que chegou a São Paulo com uma sacola cheia de miojo nas mãos e fez o ex-presidente Lula chorar, abre o livro da vida e nos conta como o movimento estudantil entrou em sua história e permanece até hoje.

“Desde pequena eu queria ser médica”. Esse é o sonho de Vanessa Castilho, 32 anos de idade, católica, corintiana, estudante de medicina na Universidade Nove de Julho (Uninove) e Diretora Executiva da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP).
Sentada no sofá-cama na sala de seu apartamento, no bairro da Liberdade, com um netbook rosa sobre o travesseiro em seu colo, a estudante abriu o livro da vida e nos contou histórias emocionantes, enquanto terminava um trabalho acadêmico para entregar no dia seguinte. Divide um apartamento, pequeno, com Lais Gouveia, amiga e vice-presidente regional por São Paulo da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Filha de uma tradicional família católica, Vanessa sempre foi muito atuante na igreja, sendo até professora de catequese; mas mesmo dentro da religião muita coisa faltava. Estudou Kardecismo por um tempo e foi participando de alguns cultos para conhecer melhor o espiritismo. “Obtive algumas repostas, mas não me converti. Não sou uma espírita kardecista, continuo sendo católica pela fé em que fui criada e pelo vínculo familiar que tenho”.
Seus pais, o pedreiro Ismael Fiuza Castilho, 70 anos e a dona de casa Tereza Maria de Castilho, 60 anos, são católicos praticantes. Dona Tereza não é beata de igreja, mas é mais rígida do que o senhor Ismael quando se trata de religião. Sempre foi muito religiosa, tem muita fé e convicção das coisas.
Além de religiosos, a família Castilho tem uma paixão em comum com muitos brasileiros: o futebol. Não são “um bando de loucos”, mas são tão fanáticos pela Fiel, que quando alguém vai assistir a um jogo na casa dos pais da estudante, sua mãe não deixa o convidado comemorar caso ele não seja corintiano. Mas, em contrapartida, se o Corinthians marcar um gol, dona Tereza é a primeira a zombar do convidado. A estudante nunca foi a um estádio assistir uma partida de futebol e nem assiste com frequência aos jogos pela tevê, mas diz que o Corinthians “é um time que traduz a população brasileira” e conclui esperançosa: -“sempre vamos lutar até o fim e se não conseguirmos muita coisa, vamos continuar batalhando”.


O movimento estudantil chegou muito cedo, e involuntário, à vida da militante. Aos treze anos foi convidada, mesmo sem saber como funcionava, a montar um grêmio estudantil em sua escola. Os mais velhos a explicaram como funcionava a organização representante dos estudantes, mas a prounista não lembra o cargo que ocupava no Grêmio Estudantil Geraldo Vandré. “Na época havia muitas greves de professores que interrompiam as aulas até dois meses, era gritante. Nós não entendíamos o porquê daquilo, até que um dia nós queríamos melhorias na quadra e resolvemos parar também. Paramos a frente do colégio e fomos todos parar na delegacia”.
Dona Tereza reprovou a participação de Vanessa nos manifestos sociais, mas seu Ismael ficou muito orgulhoso, não da filha ter ido parar na delegacia, mas em ter participado dos manifestos.  
Como sua família sempre foi envolvida na política, desde os cinco anos a estudante estava em cima de um palanque. Seu pai já foi candidato a vereador e foi eleito suplente uma vez.
Vanessa sempre foi muito comunicativa e cantava na igreja. Aos 17 anos foi abordada, na rua, por alguns rapazes da rádio comunitária de sua cidade e foi convidada a ter um programa no veículo. Mesmo sem formação e experiência na área de comunicação, a jovem aceitou o convite e trabalhou até os 22 anos no ramo. “Ninguém queria aquele horário, sobrou e eu acabei aceitando”. Com o tempo Vanessa se especializou e transformou aquilo em profissão. Fez um curso de clínica química de voz e tirou o seu DRT. Ficou quase quatro anos trabalhando nessa rádio.
Mesmo sem jornalista responsável e com muitos erros, o programa - carro chefe da rádio -, era jornalístico e durava cerca de quatro horas todos os dias.
Hoje quando a estudante volta para a sua cidade, muitas pessoas a conhecem. “Você acaba virando uma celebridade instantânea”, brinca.
O maior sonho de Vanessa, citado nas primeiras linhas dessa entrevista, é o de ser Médica. Mas a família, pobre, não podia custear seus estudos. Aos 20 anos ingressou no seu primeiro curso superior e estudou durante um ano Pedagogia. Por não gostar, largou e resolveu fazer direito. Na faculdade montou uma chapa e concorreu ao Diretório Central dos Estudantes (DCE). Foi eleita vice-presidente.
Trancou a faculdade e foi morar em Londrina, Paraná. Teve síndrome do pânico ao ver um amigo ser sequestrado e voltou para o interior dois anos depois.
Resolveu focar no que realmente queria para a vida - ser Médica. Dona Tereza, preocupada, não gostou da ideia da estudante arriscar novamente, porque dizia que não tinha dado certo a primeira vez. Mas a jovem insistiu: “estou dando um passo para trás, para poder dar um passo para frente mãe”.
Para poder vir para São Paulo, prestou vestibular na Escola Técnica Estadual (ETEC) - para usar como pretexto -, e passou. A estudante chegou a São Paulo com duas sacolas de feira nas mãos - uma cheia de roupas e a outra cheia de macarrão instantâneo (miojo). Como seu pai também trabalha de vigia em um supermercado, havia comprado uma caixa do macarrão instantâneo, fez um acordo com o repositor e trocaram por vários sabores.
Em agosto de 2007 Vanessa prestou o Enem e junto com ele prestou um concurso público para a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo. Foi aprovada em outubro e nomeada para trabalhar como agente de vigilância e segurança na Penitenciária Feminina Sant’Ana, situada no antigo quadrilátero do Carandiru. “O que mais me marcou nessa fase da minha vida, foi quando uma colega entrou às cinco da tarde para fechar as celas e as presidiárias a pegaram pelo cabelo e a trancaram dentro do raio (uma das subdivisões dos pavilhões). Nós precisamos intervir e isso não foi nada legal”.
Em novembro, a nota do Enem saiu, e como Vanessa não tinha computador, foi até a Lan House mais próxima para conferir sua média. “Eu não acreditava. Quando eu abri o site e vi a nota eu comecei a chorar na Lan House. Olhava várias vezes o meu CPF para conferir direito”. Vanessa Castilho quase gabaritou o Enem, obtendo 975 pontos e realizando o sonho de cursar medicina. “Eu não dormia e só depois de sete dias que eu percebi que a minha nota era alta, que eu fiquei despreocupada. O japonês, dono da lan, até ficou assustado”.
No quarto ano de Medicina, Vanessa lembra que o movimento estudantil voltou a fazer parte da sua vida no primeiro semestre. Tornou-se representante de turma no primeiro semestre e hoje é presidente do Centro Acadêmico de Medicina da Uninove.
Depois de realizar o seu sonho e estar de fato cursando Medicina, a estudante não parou de atuar no movimento estudantil. Conheceu a União Nacional dos Estudantes (UNE) por intermédio de Augusto Chagas, ex-presidente, Marina Cruz, ex-diretora da UEE-SP e Laís Gouveia, atual vice-presidente regional por São Paulo da UNE. “Me trouxeram para esse movimento estudantil mais politizado e respeitado pela sociedade como um todo”.
Neste ano [2011] foi candidata a presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Uninove e obteve cerca de 15 mil votos. Sua chapa foi reconhecida pela UNE como o DCE vigente, por ter sido eleita democraticamente, mas dentro da universidade existe um DCE que está no poder a pouco mais de nove anos e fez uma alteração estatutária para se auto eleger. Vanessa não tomou posse, pois a universidade não quer se pronunciar e deixou a justiça decidir o caso. Enquanto a justiça não se pronuncia para ver qual gestão vai prevalecer, o DCE antigo continua no poder.
Em julho deste ano, aconteceu em Goiânia-GO, o 2º Encontro Nacional de Prounistas que fazia parte da programação do 52º Congresso Nacional da UNE (CONUNE). Vanessa foi convidada para representar os estudantes prounistas de todo o Brasil na abertura do encontro.
“Fui pega de surpresa com o convite do encontro, porque eu não sabia que o [ex-presidente] Lula e o [Ministro da Educação] Haddad estariam lá. Foi um susto”.
A prounista representou milhões de sonhos da juventude brasileira. Fez uma homenagem ao ex-sindicalista lendo uma carta de duas páginas. Abaixo segue um trecho da carta:  
      
“Presidente Lula , meu nome é Vanessa Castilho, tenho 32 anos, sou de São Paulo, filha do Senhor Ismael e da Dona Tereza , um pedreiro, e uma dona de casa e pelo Prouni, hoje sou estudante de medicina do quarto ano na Universidade Nove de Julho. Presidente Lula, os pobres deste país chegaram à universidade e podemos gritar bem alto para quem quiser ouvir: o filho do pedreiro vai virar doutor!”
    
Vanessa conta que quando olhou para o lado, o Lula estava chorando.
No congresso, a estudante filiou-se a União da Juventude Socialista, maior força política de juventude do Brasil. Hoje é Diretora Executiva de Escolas Particulares da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP).
A prounista nunca imaginou que um dia seria diretora da UEE-SP. “Quando eu vim para São Paulo eu descobri que existia um movimento maior, que não discutia uma mudança apenas no meu colégio, mas que discutia políticas públicas para educação não só do meu estado, mas de todo o Brasil”. E conclui, triunfante: “Os pobres deste país, que começaram a alcançar o desenvolvimento econômico, serão também a verdadeira elite intelectual do Brasil.  

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Uma noite na Augusta

São Paulo é uma cidade metrópole que recebe diariamente pessoas com culturas diferentes, sendo obrigada a ter opções culturais de todos os gêneros. 
Uma das ruas mais conhecidas - e badalada da capital paulista - conta com uma rica variedade de bares, restaurantes, baladas, prostíbulos e outros. A rua Augusta é cheia de atrações para quem quer curtir a noite na cidade da garoa. 
Quando falo a alguém conhecido que fui à Augusta, já perguntam em seguida com um ar de segunda intenção: "Foi fazer o que na Augusta?". Parece que é o pior lugar do mundo onde alguém possa ir, ou pode ser que pensem que você vai fazer algo inusitado lá. O que será que pensam, hein? 
Estava eu e uns amigos da pensão onde moro querendo fazer algo diferente no fim de semana. Estudamos a semana inteira e ficar dentro de casa sem fazer nada seria uma espécie de "ficar vegetando", então resolvemos ir à Augusta.
Ela é uma rua muito famosa aqui em São Paulo, mas é estereotipada como "rua da prostituição", "rua das zonas", ''rua das putas", só que todos esquecem que lá também é point de encontro de muita gente da classe alta, pois conta com muitos bares e restaurantes famosos ... e caros. 
Pode ser chamada de "Babilônia de Sampa", pois existe uma diversidade tão grande que é comparada com a "cidade do pecado", mas acredito que não será extinta como a cidade de Babilônia... pelo menos eu acho!!
Na Augusta tem de tudo: Emo, Punk, Skinhead, o povo que curte Rock, MPB, Blues, Reggae, simplesmente é uma "suruba" de miscigenação. Por todos os cantos que você olha, encontra alguém "diferente", mas será que eles são diferentes ou você que é?
Não quero entrar nesse assunto, então prefiro dizer que eles que são diferentes!
Hoje eu mudei a concepção que tinha dessa rua. Acredito que precisamos conviver com todos os nossos preconceitos para poder entendê-los. Falavam-me várias coisas dela e quando a conheci pude ver que não podemos fazer a opinião do outro um fato, precisamos presenciar e tirar nossas próprias conclusões.
Sem dúvida eu gostei, recomendo e irei outras vezes, mas ... se lendo esse texto você ficou com vontade de ir, vou te perguntar: "Mas vai fazer o que na Augusta, hein?"


A rua Augusta é cheia de atrações para quem
 quer curtir a noite na cidade da garoa. 

domingo, 3 de abril de 2011

Bienvenidos!!

Criei esse blog para mostrar a minha nova vida na cidade da garoa, São Paulo e comentar assuntos que eu ache que são de suma importância.
Fiquei um tempo sem escrever, mais agora com um designe novo e mais moderno, o blog será o recurso midiático que irá expor o meu dia a dia nesta “magalópole”.
São Paulo é a cidade da informação, a cidade que não para um só minuto, trabalha 24 horas por dia. Enquanto muitos dormem para acordar cedo e ir trabalhar, outros estão acordando para ir trabalhar, e é claro … alguns vão para balada porque ninguém é de ferro e o consumo é o principal fator econômico de um sistema capitalista!! O estado mais rico do país e o principal polo econômico e industrial da América do Sul, é o maior mercado consumidor do Brasil. “Sampa”, como é chamado, tem uma infinidade de atividades culturais. Vários teatros, cinemas e shows nacionais e internacionais.
Ilhabela, a “menina dos olhos” do litoral norte paulista, cidade com cerca de 30 mil habitantes, não conta com uma variedade cultural tão grande.  Minha cidade natal, não tem cinema e nem teatro, mais tem uma beleza natural invejada por muitos, tendo a praia do bonete como uma das dez mais lindas do Brasil, eleita pelo jornal britânico The Guardian, publicado em 2009.
O meu objetivo na capital paulista é me formar em jornalismo. Estou estudando nas Faculdades Alcântara Machado (Fiam), conveniada ao Complexo Educacional FMU.
Tudo o que eu estou vivendo hoje, toda a oportunidade que eu estou tendo, é graças aos meus pais que acreditaram em mim e estão investindo na minha formação. É claro que eu também tenho uma parcela importante nisso tudo, pois se eu não tivesse coragem de deixar Ilhabela e ter vindo pra “Sampa”, nada disso estaria acontecendo.
“Acreditar em si próprio é o primeiro passo para que tudo possa dar certo”, é com essa frase que eu dou as boas vindas aos meus leitores. Bienvenidos!!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Retrospectiva 2010

O ano de 2010 foi de grandes conquistas para mim. Festas, congressos, viagens, curtições e muito mais, fez esse ano ser o melhor da minha vida depois dos anos de escola, já que esse é o primeiro ano depois da escola... kkk
Após completar o ensino médio, decidi não ingressar na faculdade nesse mesmo ano. Precisava de um tempo para pensar, pois não sabia o que realmente iria escolher como profissão, já que dizem que “é para toda vida”.  
Não tinha como o ano ter começado melhor. No dia 21 de janeiro a cegonha nos presenteou com uma obra divina, nasceu o meu terceiro sobrinho que também é o meu afilhado, Nicolas M. dos Santos Sampaio. “Eu sou a prova viva de que Deus existe”, essa foi a mensagem da lembrança do nascimento. Como é bom pegar o afilhado no colo!!
Com um começo de ano assim eu já imaginava o que viria pela frente. Em julho fui com alguns amigos ao Encontro Nacional da União da Juventude Socialista (UJS) que foi realizado em Salvador-BA. Nunca tinha andado de avião e nem ido a Bahia, foi muito bom! Pelourinho, Elevador Lacerda e Mercado Modelo foram alguns dos pontos turísticos que conhecemos na cidade do Carnaval, e que carnaval!!
“Sonhar não paga”, isso foi o que eu dizia antes de ter ido ao 26º Salão Internacional do Automóvel em Outubro, no Anhembi em São Paulo. Paguei R$40 para entrar pois disseram que estudantes não pagavam meia porque era uma atividade cultural, mais pelo que eu sei pelo fato de ser uma atividade cultural, ai que deveríamos pagar meia! Depois chegou a hora do lanche, cerca de R$25 para comer um lanche com french fries. Notava-se que não tinha pessoas mal vestidas por lá, o que mais víamos eram empresários bem vestidos e com cara de que tinham mais de 1 milhão de reais na conta, alguns só tinham cara.. mas também, com um preço desse pra entrar, a Dilma vai ter que fazer milagre com o salário mínimo do País .. kk
Trabalho na Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Ilhabela, com três jornalistas diplomados. Sempre quis ser jornalista quando era criança, mais também já quis ser policial ou veterinário como qualquer outra criança. Foi ai que comecei a notar como era ser um jornalista. Vivia com três todos os dias. Vi como era prestar assessoria para um órgão público e tive contato com alguns jornais. Até releases para uma ONG eu comecei a escrever. “Apurar os fatos para contribuir com a opinião pública”, esse é o principal fundamento do jornalismo, com isso comecei a gostar ainda mais e me inscrevi em um vestibular na Capital Paulista.
Fui com a Tatah, uma grande amiga. Fomos “com a cara e a coragem”, já que não sabíamos andar em São Paulo. Prestei o vestibular para Jornalismo e Rádio e TV, a Tatah prestou para Publicidade e Propaganda. Passamos em primeira chamada no vestibular do Complexo Educacional FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) nos respectivos cursos do curso de comunicação social da Fiam-Fam (faculdade convenia ao complexto). Ano que vem estou me mudando para a cidade da garoa, São Paulo. Acredito que em um ano emocionante, bem curtido e muito divertido (já que rir é o meu forte), a minha maior realização foi ter passado na Faculdade. Estou realizado! Valeu à pena esperar um ano! E ainda ele não acabou!!!